terça-feira, 29 de dezembro de 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

FC Porto x Benfica: uma rivalidade que vai além do futebol

Hoje, 20 de dezembro de 2009, enfrentam-se no Estádio da Luz, em Lisboa, Benfica x FC Porto, em jogo válido pela 14ª rodada da Liga Portuguesa 2009/10. Um ponto separa o terceiro colocado dos últimos 4 campeonatos, Benfica, do atual tetracampeão português, FC Porto.

FC Porto e Benfica, são, sem sombra de dúvidas, os dois maiores rivais do futebol português. Nos dias atuais, FC Porto x Benfica representa o maior clássico lusitano e este confronto traz consigo uma história que vai muito além das quatro linhas.

Devido ao jogo de hoje, volto a publicar aqui um texto sobre este grande clássico e esta enorme rivalidade. Desta vez, ao final, acrescento o histórico de confrontos (em todos as competições e apenas na Liga).


FC Porto x Benfica: uma rivalidade que vai além do futebol



Quando entram em campo para disputar aquele que é hoje o maior clássico português, FC Porto e Benfica levam para o gramado muito mais que uma rivalidade entre dois clubes de futebol. Os dois clubes representam duas cidades e duas macrorregiões: Porto x Lisboa; Norte x Sul. Este clássico representa a eterna rivalidade entre as duas maiores cidades portuguesas e cada uma representa a sua região, o Porto muito mais identificado com o Norte do que Lisboa com o Sul, por razões históricas.

Quem olha para Portugal, sem conhecer bem a sua história, pode pensar que se trata de um país igual, que todos os habitantes são parecidos e que existe uma unidade nacional. Talvez por sua dimensão, Portugal passe essa impressão. Porém, desde os tempos mais antigos, Portugal convive com uma divisão fortemente marcada por suas duas grandes cidades, e, atualmente, é no futebol que esta divisão se aflora mais e se manifesta de forma mais acentuada.

A origem de Portugal está no Norte, o Condado Portucalense. Portucale vem de Porto de Cale, a cidade do Porto. Foi do Condado Portucalense que partiu a reconquista dos territórios do Sul, ocupados pelos Mouros (mulçumanos). Lisboa só viria a ser conquistada em 1147, oito anos depois da formação do Reino de Portugal por D. Afonso Henriques e quatro anos após o reconhecimento da independência de Portugal pelo Rei de Leão e Castela, através do Tratado de Zamora.

Durante a ocupação Moura, a cidade de Lisboa se chamava Al-Ushbuna e a maioria de seus habitantes chegou a adotar a língua árabe e a religião mulçumana da minoria invasora que se constituiu como elite. Até hoje, quando alguém do Norte quer provocar os lisboetas, refere-se a estes como os “mouros”.

A partir do reinado de D. Manuel I, quando Portugal começou a se consolidar como Império, viu-se o fortalecimento centralismo português. O poder central se encontrava na capital Lisboa e um Estado absolutista, evidentemente, limitava a autonomia administrativa dos municípios, por conseguinte, Lisboa gozava de uma posição quase que hierárquica sobre as demais cidades portuguesas. O Porto sempre foi o maior expoente do inconformismo.

Chegando ao Século XX , o marco da rivalidade Porto x Lisboa é o Regime Fascista de Salazar. A política autoritária do fascista Antônio de Oliveira Salazar adotou o centralismo econômico e concentrou em Lisboa não apenas o poder político e econômico como também cultural. Salazar, grosso modo, separou Lisboa do resto do país.

No futebol não foi diferente. O "Sistema Político Fascista e Centralista-Salazarista" foi claramente favorável aos clubes de Lisboa, principalmente o Benfica, que era o mais popular. O Regime Fascista se servia das conquistas dos clubes de Lisboa e, especialmente, do Benfica para enaltecer a sua grandeza e se aproveitar da alienação das massas, usando o futebol como um meio de “entretenimento” e um escape à fome e a miséria a que levou o fascismo.

Não é por acaso que o Benfica é conhecido por “encarnados”. O vermelho sempre esteve associado ao comunismo, que, por sua vez, era antagônico ao fascismo. Logo, o Benfica não podia ser referenciado como os “vermelhos”, jamais! Por isso os benfiquistas são “encarnados”.

O FC Porto era o único clube que conseguia, apesar dos pesares, fazer frente aos de Lisboa. Por essa razão, afirmava o mítico José Maria Pedroto que um título do FC Porto valia por dois ou mais do que o de um clube de Lisboa, uma vez que não se competia em igualdade de circunstâncias.

O FC Porto, portanto, assim como a cidade do Porto, tornou-se o foco de resistência, o símbolo do inconformismo, o baluarte do Norte.

Com o fim do Regime Salarazarista, o retorno à democracia e, mais ainda, com a chegada de Jorge Nuno Pinto da Costa à presidência do FC Porto, o futebol português deu uma guinada ao Norte e, pelo menos no futebol, o Porto passou a concentrar o poder e as conquistas.

Como já foi dito, os portistas fazem questão de frisar a influência mulçumana em Lisboa e até hoje se referem aos benfiquistas como “mouros”, em tom pejorativo. Os benfiquistas, por sua vez, fazem referência à outra passagem da história de Portugal, e chamam pejorativamente os portistas de “tripeiros”.

Contudo, enquanto os benfiquistas se ofendem com a referência aos mouros, os portistas se orgulham do termo “tripeiros”. É que durante o período dos descobrimentos o Infante D. Henrique pediu aos moradores do Porto alimentos de todo tipo, ficando a população unicamente com as tripas.

Para os portistas, como bons portuenses e habitantes do Norte, essa passagem representa mais uma referência de seu nacionalismo e patriotismo, o amor e a entrega a Portugal.

Não à toa, a torcida Super Dragões entoa nos estádios “Tripeiro eu sou /
E tenho o Porto no meu coração...”, além de puxar o grito “Quem bate palmas é tripeiro (palmas), é tripeiro (palmas), é tripeiro (palmas)”.

No que tange às torcidas, essa rivalidade pode ser verificada nos confrontos entre os Super Dragões (FC Porto) e No Name Boys (Benfica).

Em 2008, suspeita-se que integrantes dos No Name Boys incendiaram um ônibus dos Super Dragões, que havia se deslocado a Lisboa para assistirem à decisão do campeonato português de hóquei em patins. Neste mesmo dia ocorreram confrontos violentos entre as duas torcidas, após emboscada dos No Name Boys aos Super Dragões na saída de Lisboa (fala-se que, supostamente, os benfiquistas contaram com a ajuda da polícia, isto é objeto de investigação por parte do Ministério Público português).

Do lado do FC Porto, até certo tempo os Super Dragões tinham um cântico não muito pacífico em referência a Lisboa. Cantavam com orgulho, especialmente nos jogos na capital: “Nós só queremos Lisboa a arder / Lisboa a arder / Lisboa a arder / Nós só queremos Lisboa a arder / Lisboa a arder...”. Já não cantam mais, porém não se pode deixar de fazer menção à tamanha demonstração de amor e apreço pela capital do seu país.

Enfim, a título de conclusão, podemos afirmar que quando Benfica e FC Porto entram em campo para se defrontarem, pisam no gramado não apenas para uma disputa de futebol. Benfica e FC Porto levam consigo a paixão e o ódio de duas cidades e uma rivalidade quase milenar.

O Benfica, clube mais popular de Portugal, vestido de “encarnado”, representa o centralismo português; a concentração de poder na capital Lisboa; o desprezo e a arrogância lisboeta em relação ao resto do país, em especial ao povo do Norte.

O FC Porto, como bem disse o seu presidente recentemente, é "o grande baluarte do Norte, cada vez mais esquecido e amordaçado", representando, portanto, o brio e bravura do Norte, inconformado e historicamente resistente.

FC Porto x Benfica, Benfica x FC Porto, é muito mais do que um simples jogo de futebol.


Histórico de Confrontos

Em todas as competições:

Jogos – 205
Vitórias do FC Porto – 76
Vitórias do Benfica – 76
Empates – 53

Na Liga Portuguesa:

Jogos – 150
Vitórias do FC Porto – 57
Vitórias do Benfica – 52
Empates - 41

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

É este o Brasil que queremos?

Paro num sinal. E o sinal de uma sociedade desigual se faz presente. Eu em meu carro, janelas fechadas, ar-condicionado ligado. Jovens adultos, adolescentes, e crianças no lado de fora, tentando ganhar algum trocado – pedem esmolas, vendem toda a sorte de produtos (flanelas, confeitos, etc.) ou se oferecem para lavarem o para-brisas.

É dura a realidade social brasileira. Um país tão rico quanto desigual e excludente. Uma nação que por razões políticas e econômicas (falta de vontade política; ganância daqueles que detêm o poder econômico) atira para a marginalidade social imensa maioria de sua população.

O sol esquenta o dia. Enquanto uns trabalham e/ou cumprem suas obrigações, outros vão à praia aproveitar as benções da natureza. Contudo, há muitos que batalham sol a pino a fim de terem o mínimo para sobreviverem (e por mínimo de sobrevivência não se entende o mínimo necessário para viverem com dignidade e humanidade).

Até quando conviveremos com estes dois “Brasis”?

Até quando viveremos em um país que se divide e se segrega, separa uma pequena parcela incluída (usufrutuária das benesses sociais) de uma enorme parcela excluída do convívio digno e humanizado dos direitos sociais?

É o país que temos.

Mas é o país que queremos?

O que fazemos para mudar essa realidade?

Ou será que apenas contribuímos para que o fosso se aprofunde cada vez mais?

Qual é o Brasil que queremos para o (nosso) futuro?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Segunda-feira

Pego minha caneca. Dou mais um gole. Café preto, com bastante açúcar.

Desperto-me para os afazeres do dia. Volto-me para as obrigações cotidianas.

Passo a passo. Vagarosos passos rumo à porta. Arrastados passos de quem se move sem muita empolgação, ou sem a menor vontade.

Hoje é segunda-feira. Há dia pior que a segunda-feira?

O fim de semana ficou para trás (Ah! Que fim de semana prazeroso, ao lado de alguém especial. Pena já ter chegado ao fim). Vejo-me diante de uma semana inteira pela frente. Mais uma sucessão de dias a ser vencida.

Fecho a porta. Deixo às minhas costas o conforto do lar. Espero o elevador. Torço para que esteja vazio (existe situação menos agradável do que dividir um elevador com um “estranho”? Pode haver situação tão desagradável quanto, porém mais desagradável eu duvido!).

Encontro-me na rua. O sol faz questão de mostrar toda a sua força, mesmo a esta hora tão miúda da manhã. Não há escapatória. Estamos em Recife. E Recife é assim no mês de dezembro.

Ultrapassar mais uma semana a esta altura do calendário significa que nos aproximaremos do fim do ano. Mais um ano que se vai. Mais um ano que há de vir.

O dia que passará. As 24 horas a serem transcorridas pelos ponteiros do relógio nos trarão a terça-feira.

A semana, que somente agora se inicia, já traz consigo a marca inevitável de passado; a cicatriz inexorável do tempo.

Mas hoje é apenas segunda-feira. E eu ainda tenho muito que fazer neste primeiro dia de semana (que, embora fadada ao passado, há que ser vivida pelo presente que ainda o é).

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

02 de dezembro de 2009

Olho fixamente o teclado do computador à espera de que as palavras surjam para que eu possa pescá-las e juntá-las em um texto com ou sem sentido, só pelo simples prazer do ato de escrever.

Neste jogo particular, meu com as palavras que surgem e, também, com aquelas que insistem em (me) fugir, sinto-me em desvantagem, pois sozinho não me vejo capaz de poder fazer frente a esta imensidão de palavras e a enorme complexidade de combinações de letras e palavras que formam orações, as quais dão origem a parágrafos, culminando com um texto completo.

Solitário, porém incansável, travo uma luta comigo mesmo, busco determinação e me convenço de que sou capaz de superar todas as adversidades e que não serão letras, nem mesmo palavras, capazes de me abaterem.

Em meio a este jogo (que mais se parece com uma batalha), lembro que já estamos no último mês do ano.

Dezembro, o décimo segundo mês de nosso calendário gregoriano, cujo nome encontra raízes na palavra latina decem (dez, de décimo mês do calendário Romano).

02 de dezembro de 2009. Daqui a pouco o hoje será ontem e o amanhã será hoje e, assim sucessivamente, mais um mês do calendário estará vencido e ultrapassado, este mês de dezembro que ora se apresenta para nós e que em breve acabará, levando consigo o ano de 2009, abrindo as portas para 2010 que ensaia a sua aparição e anseia por sua chegada.

No Hemisfério Norte, dezembro, mais precisamente o 21 de dezembro, marca o Solstício de Inverno, data da noite mais longa do ano, quando o sol parece imóvel e a Terra aparenta se entregar à escuridão. Mas é justamente depois desse dia que o sol parece renascer e a marcar o seu retorno, paulatino, nas vidas dos habitantes do planeta.

Na Roma Antiga as pessoas celebravam as Saturninas; os povos Celtas (dominados pelo Império Romano) tinham uma festa em celebração ao nascimento do sol.

Com o tempo, a Igreja conseguiu sobrepor as celebrações do nascimento do Filho a toda e qualquer celebração que marcasse o nascimento do Sol ou se homenageasse um deus pagão ao invés do Filho de Deus, aquilo que ficou conhecido como Natal.

Independente da sua crença religiosa, ou mesmo de seu total ceticismo ou ateísmo, o mês de dezembro, aquele que marca o fim de um ano e traz consigo o galopar de um ano novo e as esperanças que se renovam para todos, ficou marcado, pelo menos para os Ocidentais, como um mês de celebrações e festas.

E o mês de dezembro é cheio. De festas, regadas a (muitos) comes e bebes. Mas também é tempo para reflexão.

Tempo de se analisar o ano que passou e de planejar o ano que está por vir. Rever as decisões tomadas e os rumos que foram traçados; projetar um ano novo baseado no aprendizado proporcionado pela análise crítica ao que ficou para trás.

Tempo de recordar tudo de bom que aconteceu no ano que se esvai. De guardar na memória os momentos agradáveis e que o acompanharão para sempre, em um espaço reservado no setor de recordações dos nossos cérebros.

O tempo é implacável. O agora em breve se torna o ainda há pouco; o hoje será ontem e o amanhã será hoje. Nessa inexorável trajetória, dezembro que ora se apresenta diante de nós, muito rapidamente, deixar-nos-á e trará no seu seguimento janeiro, mês de Jano (o Deus romano das portas, passagens, inícios), um ano novo, repleto de novas experiências ainda a serem experimentadas e carregando os sonhos e esperanças de todos nós.